EU, O OUTRO, O SENTIMENTO DE SEPARAÇÃO A RECONEXÃO

Quando nossa felicidade depende do outro para existir, quando ela depende do que o outro te dá, faz, pensa ou sente...... invarialvelmente nos machucamos, decepcionamos-nos, frustamos-nos. Experimentamos o êxtase para logo em seguida amargar o vazio, a dor, às vezes perdemos até o sentido da vida..... afinal, quando o ponto de partida é o outro, realmente nos colocamos à mercê das necessidades, bem estar, caprichos, humor e tudo o mais do outro...Pensando nisso, em como simplesmente mudar o rumo disto, procurei me voltar pra mim e qual foi minha grande surpresa! Como faço isso? Como olho pra mim? Se olhar no espelho já era difícil como poderia olhar pra dentro ?Percebi então que necessitava de um modelo, resolvi buscar...... me voltei para a Natureza ora pois! Quem mais sábia e honesta? Resolvi modelar uma árvore, mas não poderia ser uma árvore comun não, ela teria que ser especial pois que nesse momento eu já admitia ser um especial. Escolhi uma Belíssima árvore, tronco forte e grande, profunda e fortemente enraizada, alta bem alta, a copa...... linda! As folhas verdes e brilhantes, como se tivessem sido lavadas e lustradas à mão e flores ela possui muitas lindas flores nas cores vermelho,rosa e branco que exalavam um aroma delicioso, profundo com sabor de não sei o que, claro que tão bela árvore teria que ter frutos e ela os tinha à disposição para quem quer quisesesse se alimentar.É claro que uma árvore especial como essa transformava tudo ao seu redor..... a terra era forte e úmida transmitindo força e vida, e apesar da sombra da árvore ser muito ampla havia vegetação rasteira à seus pés como se fosse um tapete fofo e delicado cuidadosamente colocado, havia uma brisa suave que gostosamente acariciava e com a brisa pássaros que alegremente iam e vinham e o céu e a luz simplesmente magníficos !........... E eu ali me coloquei, de pé... pés descalços junto ao seu pé, o corpo colado junto ao tronco, braços abertos estendidos ao alto como que querendo imitar seus galhos, respirei fundo, fechei os olhos e deixei o coração me guiar..... não sei quanto tempo se passou...mas senti meu coração pulsar diferente, a respiração foi mudando... como se ela não existisse... ela simplesmente era, existia sem ser necessário se mostrar....estranho e fantástico.Meus pés e parte da perna desapareceram e já não tocavam a superficie da terra...... eu estava dentro dela , mas a forma não era mais a mesma eles haviam transformado-se em raízes, muitas raízes e elas iam para todos os lados.... senti que cada pedaço meu alimentava-se de nutrientes diferentes e a sensação era de que cada nutriente despertava diferentes sensações e emoções e senti o caminhar de todas elas, umas rápidas outras lentas elas subiam por nosso corpo o tronco indo em direção ao alto e à medida que se aproximavam do braços (os galhos) as folhas e as flores se modificavam e estranhamente os frutos também, mudavam forma, cor, tamanho, cheiro..... me veio à mente que era como nossa mente também funcionava , diferentes emoções e sentimentos também diferentes reações, frutos.Tudo era efêmero, suscetível, mudava o tempo todo...... quando a avalanche de emoções parecendo adrenalina aquietou-se, me deixei ali ficar, quieta, completamente em silêncio........... senti um pulsar diferente de tudo o que, até então conhecia, me faltam palavras para descrever....... é como se fose o toque do tambor de um xamã só que muito maior e apesar de seu tamanho, não era gritante e sim intenso muito intenso, fazendo todo o nosso ser vibrar.... num tom extremamente imperativo, forte e amoroso............ descobri alegremente que era esse pulsar responsável pela vida, era ele que nos mantinha alí de pé enraizados, extasiada me entreguei mais ainda a tudo que sentia e mais conectada ainda me tornava.... e entregue de corpos e alma não necessitei investigar de onde vinha esse pulsar... eu simplesmente soube, senti que vinha das minhas raizes mais profundas, conectadas ao mais profundo da terra mãe, que amorosamente nos nutria do mais puro amor........ nesse instante nossas folhas derramaram gotas que suavemente caiam na terra em sinal de minha mais profunda gratidão...É este o relato de minha mágica experiência onde seres especiais da natureza me ensinaram de onde realmente vem minha essência, de onde eu realmente devo olhar e buscar a felicidade.... conectada à natureza e ao universo olhando a profundidade do meu EU, parte inseparável do TODO, permitindo a partir deste ponto que minhas outras raizes não tão profundas sorvam as emoçoes efêmeras de nossa humanidade sem perder a conexão com nossa essência.

AHO! por todas as minhas relações.

Gratidão, gratidão, gratidão.

Cristina Gortari.